De origem de família simples, o pai, seu Marcol, era agricultor e nas horas de folga um habilidoso pescador. A mãe, senhora Lourdes, era dona de casa e parteira. Dona Lindaura nasceu aos 04 dias do mês de outubro de 1938, às margens do rio Pernambuco, na fazenda Boqueirãozinho, município de Buritis.Corria o ano de 1954 em Buritis, época em que o acesso ao estudo não era nada fácil. Formação ou conclusão dos estudos somente eram possíveis nas cidades vizinhas como Unaí, Formosa, Paracatu…O Coronel Manoel José de Almeida, militar, político e educador esteve por aqui em meados daquele ano em campanha política para Deputado Estadual. Pelas cidades e vilarejos que passavam, o candidato e educador convidava jovens para que fossem estudar nas Instituições “Caio Martins” de Esmerada – MG.Dona Lindaura percebeu que nesse convite havia uma grande possibilidade de crescer na vida e realizar seu grande sonho de ser professora. Primeiramente, pediu consentimento aos genitores que após autorização, fez as malas, digo, embrulhou as roupas em um “papel de embrulho” (mala era coisa difícil) e saiu com destino a Esmeralda com a cara, coragem e determinação de vencer. Mas um pequeno imprevisto ocorreu nesse ínterim: como o número de passageiros e o peso aumentaram, a pista de voo que era bem rudimentar e pequena teve que ser aumentada para que o avião decolasse, problema solucionado graças aos bons homens de enxadas, enxadões e foice.Lindaura chegou na renomada instituição Caio Martins, a qual tinha como lema a expressão “educar e assistir” ao invés de vigiar e reprimir. Passou por uma Educação rígida cujo ensino e aprendizagem tinham como base o método “escotismo”, que é um movimento mundial, educacional, voluntariado, apartidário e sem fins lucrativos. “Foi uma mudança radical em minha vida. Conheci pela primeira vez a modernidade como, luz, água encanada, banheiro e um dos maiores inventos da humanidade, a televisão. Aprendi a trabalhar em equipe, a capinar, a cuidar da lavoura, a fazer crochê… A saudade dos amigos, da vida tranquila e dos familiares eram muitas, mas a vontade de vencer e a fé foram os alicerces que mantiveram-me determinada a concluir os estudos e vencer os obstáculos”, enfatizou ela.Concluídos os estudos em 1959, dona Lindaura teve a honra de conhecer um dos melhores Presidentes do Brasil, Juscelino Kubitschek, que foi também o padrinho de formatura do Curso que acabara de concluir: Curso Normal Regional.Como sempre, a boa filha a casa torna, Dona Lindaura regressou para Buritis e o sonho de ser professora realizou. Casou-se com José Carneiro Valadares (in memoriam) em janeiro de 1961. Da união teve 5 filhos. Trabalhou por mais de 30 anos na Escola Estadual Cândido José Lopes (hoje municipal) da qual foi Diretora. Para ela, a Educação tem um grande poder de transformação na vida das pessoas. “A educação mudou minha vida. A escola Caio Martins me ensinou valores e virtudes como a ética, honra, lealdade, altruísmo, responsabilidade, disciplina, caráter e retidão que moldaram o meu jeito de ser na vida para sempre.” Disse ela também: “No exercício de minha profissão tanto como professora quanto Diretora lutei muito para que os alunos tivessem uma educação de qualidade. Com a graça de Deus, formei todos os meus filhos”.Mulher de fibra e de muita fé, dona Lindaura segue firme no propósito de servir ao próximo. É devota de Nossa Senhora da Pena desde criança. Participa do Abrigo João da Silva Santarém, Vicentina, Pastoral do Dízimo e Cenáculo Sacerdotal Mariano. Faça sol ou chuva, ela sempre participa das missas aos domingos. É também empresária no ramo de Farmácia.Perguntada a ela se sente falta da escola? “sim, respondeu ela. Tenho saudades daqueles tempos de ensinar a ler e escrever. Das pessoas que trabalhavam comigo, das professoras, do do porteiro João Palmeira (in memoriam), dos alunos que sempre faziam belas homenagens e deixavam suas marcas levando para a vida os inconfundíveis traços da educação. Ainda me lembro dos meus primeiros alunos: Natividade, Randolfo Pimentel, Joanésia….O que falar da escola “Caio Martins” que estudastes?“O coronel Manoel José de Almeida foi para mim como um pai. O coronel foi um homem trabalhador, justo, que doou sua vida com muito amor. Quero demonstrar minha gratidão por tudo que fez por mim e pela outras pessoas de nossa região.Aposentada, 76 anos, Dona Lindaura é Gente que Fez e Faz a nossa história. Uma pessoa especial que trouxe e prestou relevantes serviços para a nossa Educação, para nossa cidade e para nossa gente. Pessoa simples que sempre teve o orgulho e a honra de dizer em alto bom som: “eu amo Buritis”.
Autor: Assessoria de Comunicação