Filho de classe média, o pai era funcionário Público e Administrador de um Centro de Saúde e a mãe fazia prendas domésticas. Nascido no Estado do Rio de Janeiro aos 20 de junho de 1944, quando criança pensava em ser astrônomo. Porém, a missão de ser médico, de viver em permanente estado de solicitude, sem distinção de dia ou noite, de salvar vidas e pronto para abdicar e servir foi o que lhe foi reservado. O nosso homenageado de “Gente que Fez e Faz a Nossa História é o Dr. Marilone Pacheco Pires.Corria o ano de 1977, mês de junho quando o Dr. Marilone e sua esposa Ronilce de Cássia Reis Pires por aqui chegaram. Uma cidade pacata que há tempos deixou de ser o “oásis do sossego” (observação nossa). Quem tem fé, cara e coragem não se assustam para o lugar onde vai desenvolver o seu labor. Dr. Marilone é um homem determinado e já carregava consigo desde pequeno que o trabalho é condição essencial, não somente para a manutenção financeira, mas pela dignificação da vida.“Quando cheguei a Buritis, a saúde necessitava de muita atenção. Havia muitos casos de chagas (doença causada pelo protozoário parasita Trypanosoma cruzi) que é transmitido pelo inseto conhecido como barbeiro. Naquela época, o Doutor recebera a missão do então Prefeito Elizeu Nadir José Lopes para atuar em conjunto com a equipe da SUCAM. As ações para mitigação da proliferação do barbeiro eram as mais variadas, ou seja, desde a inspeção das casas, dedetização e orientações de manter as frestas devidamente calafetadas, pois o inseto tem habito noturno e normalmente escondem-se em frestas e madeiramentos de casas feitas “pau a pique”, que por sinal eram muitas em toda região de Buritis.”“As estradas eram bem rudimentares com acesso bastante difícil. Era a pé ou no lombo do cavalo para desenvolver o trabalho na zona rural. O Jeep era um veículo rústico de muita serventia. Lembro-me uma vez um senhor moreno que tinha um bócio tireoidiano (caroço grande no pescoço), não recordo do nome, levava-nos a diversos locais rurais. Numas dessas idas, eu pedi para dirigir o Jeep dele e com a tração nas 4 rodas subia morros muito íngremes. Ainda me lembro como se fosse hoje o gracejo do senhor que gritava: “Celera Dotor”, “Celera Dotor”, que queria dizer, acelera Doutor. Foi muito divertido e inesquecível.”“As condições de trafegabilidades em Buritis não eram nada fáceis. Imagina-te para transportar um paciente até Brasília debaixo de chuva? era aquele “Deus nos acuda” quando o carro atolava. Apareciam muitos pacientes picados por cobras. Chegavam, às vezes, com o local já em estado avançado de necrose, geralmente a parte inferior, e necessitava ser encaminhado urgentemente para Brasília, sob o risco de ter seu membro amputado. Ainda também tínhamos a dificuldade de manter em estoque o soro antiofídico, pois a expiração do produto era rápida.”“Eu sempre fui um homem de muita fé. Sou católico e a realização de meu trabalho está sob os auspícios de Deus. Minha esposa quem sempre esteve ao meu lado, às vezes trabalhando como enfermeira e como administradora, uma verdadeira companheira que me ajudou muito em Buritis. Quando o caso era grave, dormíamos na Clínica para acompanhar o paciente que necessitava de cuidados intensivos. Lembro do primeiro paciente que foi o Edson Valadares Pimentel, que apareceu para pedir ajuda quando eu estava descarregando a mudança. Ele chegou com um de seus filhos com o pé machucado e fui atendê-lo. Na hora do adeus, na hora de partir dessa cidade, um certo “fuzuê” ocorreu: havia muitas pessoas em volta do caminhão da mudança para que nós não pudéssemos partir. Tivemos que dialogar e graças a Deus tudo terminou bem““Povo acolhedor esse de Buritis. Eu sempre fui bem trado em Buritis, pessoas das quais tenho grande respeito e apreço. Agradeço por tudo que vocês fizeram por mim. Perdoa-nos pelos nomes que não conseguimos mais recordar. São muitos nomes e mais de 35 anos que não vamos a essa terra amada e arrisco alguns nomes como Elivani do Elizeu, Toninho de Nati, Arnaldo Nery, Leontino Monteiro e também os funcionários que trabalharam comigo Eleuza, Antônio Durães, Jesuíta Pio, Lica… Eu deveria ter aproveitado mais a minha estadia em Buritis”, finalizou.Em 1980, mudaram-se para Joinville, Estado de Santa Catarina, cidade que designa sua profissão até hoje. Mas como é certo o ditado que todo urucuiano que bebe da água deste rio, volta aqui um dia. Em 1983, a saudade apertou e Buritis visitou. O transporte foi aéreo em um monomotor Cesnna, para ficar um ou dois dias. Ocorreu que na hora de ir embora, o tempo fechou, o avião não decolou e a viagem prolongou por mais alguns dias. Não havia comunicação e o Centro de Controle de Santa Cataria perdera o contato com o piloto e pedidos de buscas do avião já estavam sendo solicitados. Cá entre nós atento leitor: imaginavam eles que o nosso Doutor já tinha dado o grande mergulho nas trevas, passado desta vida para outra…. (brincadeira de nossa parte).Conta também o Doutor que exerceu o cargo de Diretor no Colégio Urucuiano por cerca de 1 ano. Era um Diretor Caxias, melhor dizendo, aquele que cumpre rigorosamente suas obrigações e exige também da outra parte o cumprimento das atividades tempestivamente. “Quem cola, não sai da escola”, partindo desse pressuposto no dia da prova, lá estava o Diretor Caxias, caminhando na sala a passos lentos e o sapato fazia um barulho como um “tic tac” do relógio e os alunos? ficavam ainda mais apreensivos. As carteiras eram milimetricamente afastadas uma das outras. Coitado dos alunos que não estudavam, tremiam que nem “vara verde”. O Colégio era este aqui, qual??? este lugar querido e curioso leitor de onde escrevo esta matéria, hoje é o Centro Administrativo da Prefeitura, antigamente era o colégio do qual estamos tratando. “A dona Ivanilde me ajudou a fazer um Brasão rosa dos ventos e os alunos estavam afinados e afiados para cantar o hino nacional, patriotismo este que não abria mão. Aluno tinha que aprender as lições e também cantar o hino nacional”“Ahh!! Lembrei de mais algumas pessoas de Buritis, o Zé do Burro e o Adão da Serraria, este tinha até uma caixão que ele deixou pronto para o seu próprio funeral, mas às vezes, cedia para alguém que tinha falecido. “Perguntado se sente falta daquele tempo? sim, sinto saudades. Estou feliz por vocês fazerem-me reavivar a história de um povo do qual faço parte da história. Obrigado pela homenagem.Conta-nos um pouco como é ser Médico? “Ser médico, antes de tudo é ser humano. É gostar das pessoas. Nós somos o que fazemos. Estudamos, aprendemos, nos especializamos e nunca deixamos de ser ensinados por nossos pacientes. E nunca deixaremos de ensinar a eles aquilo que aprendemos. Nós acreditamos que sempre é possível fazer o melhor. A recompensa por recuperar a saúde de alguém é gratificante. E isso é o que alimenta o desejo dos médicos em continuar na batalha por uma qualidade melhor. Não consigo me imaginar em outra profissão!”, disse ele feliz com sua carreira.3 são os filhos do casal Dr. Marilone e dona Ronilce: Dr. Paulo Eduardo Reis Pires (primogênito) farmacêutico e bioquímico em Curitiba PR, e os gêmeos Victor Reis Pires e Vinicius Reis Pires, Assessores de Negócios do Banco do Brasil e nas horas de folgas são músicos de vários gêneros da música(na foto, quem está com o violão é o Victor) filhos que são para o casal uma grande fonte de inspiração, aprendizagem e amor.Clínico Geral com especialização em Clínica Média, Saúde Pública, Medicina do Trabalho, Perícia Médica e Ultrassonografica, residente em Joinville SC, 70 anos, Dr. Marilone é Gente que Fez e Faz a Nossa História. Uma pessoa especial que realizou e trouxe benefícios para o nosso município e para nossa gente. Buritisense de coração que representa, sempre teve a honra de dizer em alto bom som “eu fiz por Buritis”.
Autor: Assessoria de Comunicação